Fim da lagoa da Pampulha? Especialista alerta para o risco

Professor da UFMG defende a necessidade de medidas concretas e até auxílio internacional para salvar a lagoa da Pampulha

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Em resposta à decisão do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE) de instituir uma nova equipe para acelerar e diminuir os custos do projeto de despoluição da lagoa da Pampulha, um especialista indica que a criação de mais um comitê não bastará para solucionar um problema que persiste por anos.

Geraldo Fernandes, professor do departamento de genética, ecologia e evolução da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sugere que são necessárias medidas reais de controle das ações, pensar além de impedir o despejo de esgoto na água e até buscar ajuda internacional, se for preciso. “A despeito da criação de grupos e comitês, a lagoa pode, efetivamente, desaparecer, pois ainda está ‘perdendo a guerra’ contra a poluição”, comenta.

Ameaça de desaparecimento da lagoa

Fernandes alerta que a lagoa da Pampulha está ficando mais rasa todos os dias, já que mais material é depositado do que é removido durante a limpeza. “A solução do problema não depende só de dinheiro, comitês, grupos, mas é necessário focar em ações efetivas”, afirma ele.

O TCE reconhece que as ações para eliminar o esgoto atendem apenas às necessidades imediatas para a despoluição da bacia. Uma auditoria revelou que a baixa qualidade da água da lagoa é causada também por resíduos industriais e elementos de poluição difusa na Pampulha.

Fernandes enfatiza que não é suficiente pensar na lagoa ‘isoladamente’, pois é necessário considerar a lógica da cidade como um todo. “Quando há construções, lotes sem vegetação, a chuva vem e acaba arrastando materiais. A enxurrada acontece, e muitas vezes tudo acaba na lagoa. É preciso entender esse processo de poluição como um todo, integrado ao município”.

Busca por experiências internacionais

Fernandes defende que reuniões e encontros não são suficientes. É necessário dialogar com mais profissionais que possam contribuir com sugestões e buscar experiências internacionais. “É também necessário uma ampla campanha para que as pessoas compreendam a importância de uma lagoa limpa e saudável. É preciso governança, ter mais regras em relação a construções. Além disso, também é necessário fiscalizar e multar quem desobedece. Deve-se ser realmente rigoroso com o assunto, pois, até agora, a lagoa está perdendo a guerra. Não basta só limpar, e não criar novas regras, pois a contaminação vai acontecer de novo”, finaliza ele.

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