Polêmica em BH: prefeito defende ciclovia na avenida Afonso Pena

Fuad Noman e o presidente da Câmara, Gabriel Azevedo, divergem sobre a viabilidade do projeto

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A construção de uma ciclovia na avenida Afonso Pena, localizada no centro de Belo Horizonte, tem sido alvo de controvérsia entre o prefeito Fuad Noman (PSD) e o presidente da Câmara, Gabriel Azevedo (sem partido). Em uma coletiva de imprensa realizada na quarta-feira (21), Noman defendeu a criação de faixas exclusivas para ciclistas e respondeu às críticas recebidas, principalmente dos opositores na Câmara Municipal, em relação ao custo da obra e ao seu suposto caráter eleitoreiro.

No mês passado, Gabriel Azevedo apresentou ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) uma solicitação para interromper a construção da ciclovia, argumentando que o relevo local e o intenso tráfego de veículos tornam o projeto inviável. As obras na avenida fazem parte do programa de revitalização do centro de Belo Horizonte, intitulado “Centro de Todo Mundo”. A previsão é que R$ 24,8 milhões de recursos próprios da prefeitura sejam gastos no projeto, que deve ser concluído no segundo semestre de 2024. O projeto da ciclovia, iniciado em 12 de janeiro, deve cobrir uma extensão de 4,94 quilômetros, da praça Rio Branco até a praça da Bandeira, com um custo estimado de R$ 5 milhões.

Controvérsias e defesas

“Eu tenho dois anos e dois meses de governo. Tenho que trabalhar até o último dia de governo. Qualquer obra que eu faça agora é eleitoreira? Todas as obras estão previstas no plano diretor da cidade, aprovado em 2017. E estamos realizando. ‘O Centro de Todo Mundo’ é um programa que lançamos no ano passado. As coisas vão acontecer no dia a dia. O governo não pode parar no último ano por causa da eleição. O governo tem que trabalhar”, defendeu Fuad.

Na mesma quarta-feira, o prefeito recebeu na prefeitura uma petição assinada por grupos de ciclistas apoiando a construção das faixas exclusivas. O documento, criado em 19 de janeiro, já conta com mais de dois mil assinaturas.

“A ciclovia é um projeto de lei aprovado dentro do Plano Diretor, que prevê a construção de até 400 quilômetros de ciclovia. Vamos construir todas as ciclovias possíveis durante nosso mandato (…) o problema é o seguinte: se a Câmara quisesse ser contra, não teria aprovado o Plano Diretor, mas aprovou”, argumentou Fuad.

De acordo com o prefeito, quando alguém “quer falar mal, pega um pedacinho e aproveita”, em referência às críticas feitas pelo presidente da Câmara sobre a construção da ciclovia. Segundo ele, alguns discursos não passam de “conversa fiada”.

O prefeito afirmou que o valor de R$ 25 milhões se refere à recuperação total da avenida Afonso Pena, sendo a ciclovia apenas uma parte deste montante. “Vamos revitalizar todas as três praças (da região), vamos revitalizar toda a Afonso Pena, instalando faixas, marcação horizontal e vertical. Há um conjunto de recuperações”, disse ele.

Fuad ressaltou que é um “engano” pensar que as ciclovias vão causar congestionamentos na cidade. Durante seu pronunciamento, defendeu que “está amparado na lei” e classificou as críticas dos adversários como “fake news”. O objetivo da ciclovia, segundo ele, é promover uma “mobilidade limpa para a cidade”.

“Podem reclamar à vontade, estamos amparados na lei. Quando tomamos uma decisão, não é porque ela veio da cabeça do prefeito, tudo é estudo e projeto. Esse projeto de ciclovia não saiu da minha cabeça, saiu do Plano Diretor”, afirmou o prefeito.

Mudanças e expectativas

De acordo com Fuad, a prefeitura irá remover os ônibus que atualmente ficam estacionados perto da Praça da Bandeira para permitir um maior fluxo de trânsito na região. “As pessoas não perceberam que não vamos fazer grandes mudanças na Afonso Pena. O problema hoje é a grande quantidade de carros estacionados, ônibus que ficam parados por muito tempo na praça. Vamos, portanto, remover este movimento da rua. Estamos diminuindo o número de carros, com a bicicleta reduzimos o número de carros. A convivência será harmônica. As pessoas precisam entender que qualquer mudança causa algum desconforto para quem está em uma zona de conforto”, pontuou Fuad.

Ao ser procurado, o presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo (sem partido), afirmou que votou contra o Plano Diretor na época e argumentou que o Legislativo que aprovou o projeto em 2018 é diferente do atual. No último ano, por exemplo, a Câmara Municipal aprovou algumas alterações propostas pelo Executivo no Plano, incluindo a medida que reduziu pela metade o valor cobrado de outorga Onerosa do Direito de Construir na região central de Belo Horizonte.

Em nota, o presidente da Câmara disse ainda que aguarda o prefeito Fuad Noman pedalando na avenida Afonso Pena. “Aguardo o Fuad pedalando lá. Subindo”, afirmou Gabriel Azevedo.

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