Bem-aventurados os humildes

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Gostei da atitude do prefeito Fuad ao recuar na obra da ciclovia na avenida Afonso Pena. Cantei a pedra, a colaboradores próximos do prefeito, dizendo que só traria pioras ao trânsito e poucos se beneficiariam. Tenho a convicção de que o prefeito, ao tomar posse após a saída de Alexandre Kalil para concorrer ao governo de Minas Gerais, quis imprimir suas digitais na capital, deixando um legado de obras para a cidade.

Fuad deve ter reunido o secretariado e pedido todos os projetos parados para tirar das gavetas. Faltou um cuidado a mais, um pente fino para a aprovação final, mas sobrou humildade em reconhecer que este, especificamente, não sairia como previsto. Ao longo da jornada, a gente sempre se depara com dois tipos de homens. Os covardes e burocratas que se escondem atrás da mesa (os amantes de Legião Urbana podem completar a frase) e os empreendedores que, para obterem sucesso, sempre flertam com o fracasso, mas nunca têm medo de tentar.

Se sobrou humildade a Fuad, faltou ao presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, durante seu pronunciamento sobre o distrato da tutela da Sala Minas Gerais. Ele até usou argumentos ponderados, dizendo que a sala poderia ser, também, das 700 orquestras que existem em Minas Gerais, até corrigindo a intenção anterior de torná-la multiuso. Roscoe foi de uma deselegância imensa ao expor o suposto salário do regente titular da Filarmônica de Minas Gerais, o músico Fábio Mechetti, que tem mestrado na badalada Juilliard School, de Nova Iorque.

Não somente tentou expor o salário do músico, alegando que ele e seu auxiliar ganham cerca de 3 milhões de reais por ano, mas o fez arrogantemente. Sugeriu que o músico, assim como ele, trabalhasse de forma voluntária, abrindo mão dos proventos. Foi uma fala infeliz e todos os mineiros deveriam repudiá-la. Músico não é empresário. Cultura não é custo.

Se o salário de Mechetti realmente for deste patamar, ele deveria ter se manifestado antes deste embate, como apoiador que ele disse que é. Vai expor, agora, depois que saiu perdedor? Coisa feia. Um executivo de grande empresa pode ganhar isso, por que um músico não pode ganhar? Parece preconceito.

Soa falso dizer que trabalha de forma voluntária. Se fosse, de fato, não poderia usar a Fiemg como trampolim político, pois todo mundo sabe que ele tentou ser vice de Zema ou concorrer por uma vaga de senador nas eleições passadas. Foi “tratorado” pelo partido Novo e por Marcelo Aro, principal aliado político de Zema. Sem deixar de citar o acordo para ser ministro de Bolsonaro, caso ele derrotasse Lula. Estaria agora empunhando um cartaz de “Globo Lixo” e discursando contra a lei Rouanet.
“Bem-aventurados os humildes de espírito” mas, têm horas, que a passagem bíblica que a gente vê por aí é outra: “E eis que tudo era vaidade”.

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