Com Lula e Bolsonaro, somos todos sapos em água prestes a ferver

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Não sei se vocês estão notando também, mas tenho reparado que o nosso povo tem perdido a sua capacidade de se manifestar. Todo dia chega uma notícia péssima, mas a população parece que segue pacificamente o seu dia-a-dia. Ou, talvez, amedrontada. Parece que a única coisa que prende a atenção da turma são os embates ideológicos entre Lula e Bolsonaro. Realmente, eu não entendo como que as questões básicas de uma sociedade ficaram em segundo plano. 

Uns dizem que isso começou com as redes sociais, outros afirmam que são os grandes fundos de investimento do mundo que determinam a pauta a ser imposta. Ou vai me dizer que o tal do ESG (Environmental, Social and Governance que, traduzidos para o português, significam Meio ambiente, Social e Governança) não é uma maneira global de infiltrar nas corporações impondo suas pautas? Acordem!

Se na época de Bolsonaro discutíamos kit gay e cloroquina, agora, com Lula, voltamos a conviver com as invasões do MST e com o retorno do DPVAT. Como as notícias chegam de maneira camuflada para não causar nenhum sentimento, vamos achando que tudo é normal. Se o preço dos alimentos e medicamentos explodem, se o dólar está nas alturas (sempre impacta na inflação), se o governo quer tutelar à força os motoristas de aplicativo, nada disso é capaz de gerar uma indignação coletiva, pelo menos, aparente. Onde está a bateção de panelas depois do Jornal Nacional? 

Estamos todos extasiados com boa parte da mídia direcionando os nossos olhares para a baleia importunada por Bolsonaro, pela final do BBB, pela defesa cega a Alexandre de Moraes e assim por diante. A população também não ajuda, me deparo agora com a mulher que levou um morto ao banco para fazer um empréstimo, que seria usado para reforma e compra de uma televisão nova. Quer cenário mais perfeito que este para desviar o foco de atenção?

Enquanto ficamos absorvidos pelas coisas menos importantes, os nossos políticos nunca foram tão agressivos em fazer negócios pessoais usando seus cargos e influências. E o que eu estou falando não é retórica não, está acontecendo mesmo. O que eu tenho escutado e visto é desanimador. Nunca os empresários tiveram tanta proximidade tóxica com o poder público. Só de acompanhar a agenda nas redes sociais, você passa a ter um indício do que está acontecendo nos bastidores. Como a “trend” diz, entendedores entenderão. Não estou fazendo nenhuma denúncia vazia, estou compartilhando com os leitores da Brasil Insider o que eu estou vendo na minha frente. Só um parêntese: tem político mineiro, que também vai ser citado no parágrafo abaixo, que a agenda dá dó. Parece que a maioria dos encontros é com quermesse e com produtor de doce caseiro, que pobreza política estamos vivendo! Nada contra os doces, que quem me conhece sabe que amo, mas convenhamos…

O pouco que a gente mobiliza já é suficiente para dar resultado. A Fiemg anunciou que não vai mais assumir responsabilidade de tocar a sala Minas Gerais. Não sabemos quais vão ser os próximos capítulos desta triste novela, mas que a turma do sapatênis que governa Minas Gerais vai pensar duas vezes antes de tentar sufocar a nossa cultora, isso vai. Aliás, essa turma deveria trocar os seus “coffee-breaks” por “break a leg”, mas é pedir muito para eles.

Fico esperançoso em ver que há vida fora Bolsonaro e Lula. Pelo fato de ter sido até então abandonada pelo governo federal, a prefeita de Contagem, Marília Campos, petista histórica, tem conseguido altos índices de aprovação justamente por fazer críticas aos dois. Seria isto um luz no fim do túnel? Mas, por enquanto, teremos forçosamente de continuar sufocados pelo retrocesso que os dois nos causam. Esqueçam saúde, educação, segurança e transporte. Vamos nos preocupar com o que enfiam goela abaixo, políticos e a grande mídia. Até que seja tarde e a água quente nos cozinhem todos. Sem sal, como Lula e Bolsonaro. 

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