O carismático apresentador das tardes da TV Record, Mauro Tramonte, é candidato pelos Republicanos a ocupar a cadeira de prefeito de Belo Horizonte a partir do ano que vem. Ainda não tem pesquisa levando em consideração a sua candidatura, mas ele vem competitivo, vai roubar votos de todo mundo, notadamente nas classes mais baixas, perfil do seu público na televisão.

Tanto em 2016, quando ainda não era deputado estadual, quanto em 2020, seu nome sempre apareceu nas listas de prováveis candidatos, mas não foi levado adiante pelo simples fato de que não valeria renunciar a alta e justa remuneração como apresentador de televisão. O que, dessa vez, fez com que ele mudasse de pensamento? Certamente, ele já tem um pé de meia feito e deve ter, também, um acordo com a TV Record que o proteja de alguma maneira.

Mas, o que Tramonte não está levando em consideração é que existe a real possibilidade de ele perder a eleição e, também, perder o seu cargo de apresentador. Não entendeu? Explico. Vamos pensar hipoteticamente que ele vá ao segundo turno contra qualquer candidato que seja, pois não vejo neste cenário fragmentado a possibilidade de alguém levar a fatura ainda no primeiro turno. Ninguém ganha segundo turno sem quebrar ovos, vai ter que partir pra cima e acatar as estratégias nem sempre ortodoxas dos marqueteiros. Lembram, por exemplo, dos embates pesados entre Kalil e João Leite? Não tem como ser diferente.

Mas, e daí? Em que isso pode prejudicar o candidato dos Republicanos, já que todos que estiverem lá também passariam pela mesma situação? Se ele ganhar, maravilha, tem chances de ficar oito anos na prefeitura e não precisar mais da carreira de apresentador. E se perder? Ah, se perder muita coisa pode acontecer com ele que não aconteceria com outros candidatos.

Dependendo do perfil do candidato que derrotar Tramonte e do nível de farpas trocadas durante a reta final das eleições, podem ficar muitas mágoas acumuladas e, isso vai impactar diretamente na negociação do novo prefeito com a TV Record sobre a sua participação da verba publicitária. Infelizmente, não se pode descartar a chance de a “cabeça” do apresentador ser oferecida para fechar a negociação em caso de não se encontrar outras maneiras para acalmar os ânimos.

Além do mais, caso ele volte a apresentar o programa, depois de ter sido derrotado nas urnas, como o seu público reagiria quando ele tiver que criticar o novo prefeito? Poderia soar, aos ouvidos dos telespectadores, como revanchismo e iria, de certa forma, arranhar a credibilidade da sua linha editorial.

Ou seja, de super apresentador, de deputado estadual com recorde de votos, ele está diante de um impasse. Ou vira prefeito ou pode ir para casa, mesmo com as promessas de que isso não vai acontecer.