O derretimento de Zema

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O governador Romeu Zema começa a apresentar sinais claros de derretimento. Esta é a constatação de um cientista político da nova geração que prefere o anonimato em suas análises. Os sinais já estavam no ar e o que ele fez foi compilar e desenvolver um raciocínio em que o eleitor que, em 2018, quis romper com os dois polos protagonistas em Minas Gerais, PT e PSDB, e que agora está mais criterioso sobre o que quer. Sendo mais específico, os anseios dos eleitores mudaram: querem agora entregas concretas, já passou a fase da mudança radical.

Se antes só o fato de o governador ter colocado o salário do servidor mineiro em dia foi o suficiente para o eleitorado não querer mudança em 2022 e, assim, reconduzi-lo ao cargo, agora, a situação é bem diferente. O desgaste da reposição salarial enfrentado por Zema em 2024 afastou de vez o funcionalismo da base de apoiadores. De fato, a proposta de Zema enviada à Assembleia dá a impressão de coisa pouco pensada. Será que a turma que fez a conta não imaginou que a grande diferença de reposição entre categorias não iria gerar um descontentamento geral? O protesto tem sido tão grande que os mineiros fora do funcionalismo público estão sendo impactados pelas manifestações de insatisfação e, assim, contribuindo para a deterioração da popularidade do governado Zema.

Outro fator que vem contribuindo para isso é a falta de protagonismo de Zema perante a negociação da dívida mineira com a União. As pessoas atentas ao noticiário político já enxergaram que o governador foi praticamente engolido pelo senador mineiro Rodrigo Pacheco quando o assunto é a negociação. E, esse sentimento, aos poucos, vai se espalhando para o restante do eleitorado. E tem mais: o fato de que o governador vem ganhando tempo no Supremo, pedindo seguidamente vários adiamentos para apresentar a solução final, vai se tornando gradativamente um sentimento de que Zema quer deixar a bomba para o seu sucessor.

Tirando essas pautas importantes, já é possível também enxergar uma falta de paciência com o governador em questões menores. Em uma roda entre amigos, foi levantada a questão do desligamento dos elevadores da Cidade Administrativa de Minas Gerais colocando, novamente, os funcionários em home office, em uma situação em que o governo apontou o dedo culpando a longínqua gestão tucana. “Quer dizer então que o elevador funcionou por quinze anos e agora que parou a culpa é do Aécio Neves? Está na cara que a cultura do sair cortando todos os custos sem analisar os impactos levou ao cancelamento da manutenção dos elevadores que chegaram a esta situação extrema e, como não querem assumir, estão lançando mão do expediente da “herança maldita”, concluiu um amigo querido.

Não sabemos se este sinal amarelo já foi ligado pelos estrategistas e colaboradores mais próximos ao governador Zema. Se foi, ele parece alheio a todas estas questões e continua postando coisas irrelevantes em situações de crise, o que pode desencadear uma onda de antipatia. O que ganha a população saber que domingo é dia de suar e postar foto com a camisa molhada? Suar é ter que acordar as 4 horas da manhã para pegar dois ônibus lotados para trabalhar, sem saber se o orçamento da família chegará até o final do mês.

Para complicar as coisas, o Novo não esconde que Zema é o nome do partido para as eleições presidenciais de 2026, o que faz o governador se descolar mais ainda dos problemas diários e estruturais de Minas Gerais. O treino até pode estar pago, mas se o governador continuar nesta toada, pode estar com os seus dias contados na política. Ou derrete de suor em questões realmente importantes ou derrete na política.

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