A união entre Cabo Junio Amaral (PL) e Felipe Saliba (PRD), ambos pré-candidatos à prefeitura de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, tornou-se problemática. A tensão entre os dois políticos surgiu depois que perceberam que poderiam dividir os votos do mesmo grupo eleitoral.

Na semana passada, Felipe Saliba anunciou sua desistência da pré-candidatura a prefeito, aumentando as expectativas de diálogo e unificação entre os dois. No entanto, um vídeo divulgado por Junio Amaral, contendo críticas diretas a Saliba, acabou com as esperanças de união da direita no município.

No vídeo, Junio Amaral responsabiliza Saliba pelas dificuldades em unir a oposição à prefeita Marília Campos e afirma que esperava pelo menos uma “retribuição” pelo apoio dado a Saliba na eleição de 2020. “Naquele segundo turno, eu entrei de cabeça (na campanha de Saliba). Aguardei por uma coerência no discurso antipetista e também por uma retribuição pelo que fiz em 2020, que o Felipe viesse (depois da desistência), como eu fui para a campanha dele”, lamentou.

Amaral, que deve disputar a prefeitura de Contagem com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou que respeita a trajetória política de Saliba, mas que declarações do ex-pré-candidato não correspondiam à verdade. “Algumas informações ditas por ele não estão conectadas com a verdade, sobretudo no vídeo de desistência, quando fala de seu esforço para unificar a direita. Não me procurou depois da desistência”, disse.

Desistência e estratégia

O pré-candidato do PL confirmou que a iniciativa de unificar as candidaturas partiu de Saliba, mas de uma forma que Amaral considerou equivocada. “Ele sempre disse que eu deveria desistir, mas essa não era minha estratégia. Eu entendia que era necessário as candidaturas no primeiro turno para chegarmos ao segundo turno e tivéssemos condições de disputar em mais igualdade”, avaliou. “Mas a postura de isenção que ele adotou depois da desistência é incoerente com o discurso”, concluiu.

Saliba foi candidato à Prefeitura de Contagem em 2020 e chegou ao segundo turno contra a petista Marília Campos. Havia um entendimento entre seus apoiadores de que ele teria o direito de disputar novamente o pleito. Contudo, Junio Amaral, que é deputado federal e da mesma legenda de Bolsonaro, acreditava ser o nome natural para provocar uma disputa polarizada com a prefeita, que é apoiada pelo presidente Lula.

Até o fechamento desta edição, Felipe Saliba ainda não havia se posicionado sobre o assunto. Procurados pelo Aparte, nem Saliba nem sua assessoria retornaram o contato.