Após acusações de ‘rachadinha’, relatório que poderia cassar Janones foi arquivado entre debates acalorados no Congresso
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Após acusações de ‘rachadinha’, relatório que poderia cassar Janones foi arquivado entre debates acalorados no Congresso
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Nesta quarta-feira (5), o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados decidiu pelo arquivamento do relatório que sugeria a cassação do deputado André Janones (Avante-MG), acusado de envolvimento em “rachadinha”. A decisão ocorreu durante uma sessão conturbada, marcada por trocas de ofensas e discussões intensas entre membros do governo e da oposição.
O deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), relator do caso e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, defendeu o arquivamento alegando que o ato pelo qual Janones era acusado aconteceu antes de seu mandato atual. Durante a sessão, foram registrados 12 votos a favor do arquivamento e quatro contrários.
Boulos, ao apresentar sua justificativa para o arquivamento, destacou que não é possível julgar um parlamentar por atos de mandatos anteriores. “Alguns aqui ainda não aceitaram o voto das urnas em 2022 e tentam fazer disso aqui um palanque. Nós não estamos discutindo Bolsonaro e Lula, estamos discutindo se um parlamentar pode ser julgado nesta legislatura por um ato atribuído a ele na legislatura anterior”, afirmou.
O presidente da Comissão, deputado Leur Lomanto Júnior (União Brasil-BA), teve que esvaziar o plenário para acalmar os ânimos. A tensão foi elevada ainda mais pela presença de Nikolas Ferreira (PL-MG), que liderou a ala bolsonarista contra Janones. Os dois deputados mineiros chegaram a ficar frente a frente, intensificando o clima durante os pronunciamentos.
A base da acusação contra Janones foi um áudio atribuído a ele, onde supostamente exigia que seus servidores repassassem parte de seus salários para cobrir prejuízos de sua campanha eleitoral de 2016. Mesmo com as acusações, o deputado negou todas as alegações e se defendeu vigorosamente.
“Os invasores do 8 de Janeiro que queriam depredar, que queriam acabar com a democracia no nosso país, foram absolvidos com um único argumento: ninguém entrou no mérito. Falaram só que eles cometeram esse ato, se cometeram, na legislatura anterior, então não podem ser julgados nesta legislatura. Acabou, nós não podemos ter dois pesos e duas medidas, o que vale para a esquerda, vale para a direita, vale para o centro, vale para todos os partidos”, completou Boulos, enfatizando a necessidade de igualdade no tratamento jurídico entre os parlamentares.