Levantamento revela que 43% dos postulantes se identificam com o cristianismo, sendo 55% católicos e 19% evangélicos
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Levantamento revela que 43% dos postulantes se identificam com o cristianismo, sendo 55% católicos e 19% evangélicos
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Um recente estudo conduzido pelo Coletivo Bereia, uma agência de fact-checking focada no público religioso, revelou que 43% dos candidatos às prefeituras das 26 capitais brasileiras se identificam como cristãos. O levantamento, baseado em dados do Instituto de Estudos da Religião (ISER), analisou 192 candidatos concorrendo aos principais Executivos municipais do país.
Entre os que se declaram cristãos, 55% são católicos, 19% evangélicos e 25% não especificam sua denominação. Além disso, um candidato se identifica como espírita, enquanto 108 não revelam publicamente sua religião.
O estudo mostra uma predominância de candidatos cristãos em partidos de direita e centro. Dos 83 candidatos que se identificam com o cristianismo, 41 (49%) pertencem a partidos de direita e 21 (25%) estão no centro do espectro político. O Partido Liberal (PL), do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem a maior representação entre esses candidatos.
João Henrique Caldas (JHC), prefeito de Maceió e favorito à reeleição, é um exemplo de político do PL ligado à fé protestante. JHC frequenta a Igreja Internacional da Graça de Deus e é aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP).
No Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, os deputados e candidatos do PL, Alexandre Ramagem e Bruno Engler, respectivamente, se declaram cristãos sem especificar uma denominação.
“Nós identificamos pessoas com vínculo nas igrejas, seja católica ou evangélica, mas que se autodeclaram cristãs para ter um trânsito na comunidade. A questão dos valores cristãos se tornou muito forte nos anos de governo de Bolsonaro, então existe essa estratégia”, comentou Magali Cunha, editora-geral do Coletivo Bereia e pesquisadora de Religião.
A esquerda também tem representantes cristãos, com 19 candidatos se identificando como tal, o que equivale a 22% dos postulantes religiosos. Destes, 15 são católicos, dois são evangélicos e dois não especificam sua denominação.
Tarcísio Motta, candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, é um exemplo de político de esquerda que se identifica como católico, assim como Duda Salabert, candidata à prefeitura de Belo Horizonte. A ligação da esquerda com o catolicismo é frequentemente associada à Teologia da Libertação, que prega a libertação política dos mais pobres.
Em São Paulo, o candidato Pablo Marçal tem ganhado destaque entre os eleitores evangélicos, apesar de não se identificar especificamente com nenhuma denominação. Segundo a última pesquisa Datafolha, Marçal tem 30% das intenções de voto entre evangélicos, superando o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), que se declara católico e pontua 22% nesse segmento.
“Em São Paulo, os grandes players estão com Nunes, mas a maior parte dos fiéis está nas pequenas igrejas, o que dá uma maior possibilidade de penetração. O Marçal é um exemplo disso, ele traz um discurso de coach, da prosperidade, que está presente em várias vertentes evangélicas”, analisou Vinicius do Valle, cientista político do Observatório dos Evangélicos.