Em quatro municípios mineiros, alianças partidárias misturam apoios de Bolsonaro e Lula
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O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) já tem cerca de 10 mil chapas cadastradas para as eleições municipais de outubro. Em quatro cidades, alianças partidárias inusitadas chamam a atenção ao reunir apoios do PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, e da federação PT/PCdoB/PV, ligada ao atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As coligações inusitadas ocorrem em Cantagalo (Vale do Rio Doce), Gouveia (Central), Santa Bárbara (Central) e Itabirinha (Vale do Rio Doce). A maior dessas cidades é Santa Bárbara, onde Ezequiel Geraldo de Magela, o Kelinho (PRD), tentará se eleger prefeito com Lelena do Esporte (PSD) como vice. Eles também contam com apoio do MDB, além da federação petista e do PL.
Em Gouveia, a curiosa aliança envolve o empresário Alberis de Oliveira (MDB), que concorre a uma eleição pela primeira vez. Ele e o vice Dr. Márcio (PT) contam com o apoio do Progressistas, do PRD, do PSD, do Republicanos e do União Brasil, além do PL.
Os outros dois casos envolvem candidaturas à reeleição. Dr. Lucas (PSD), em Itabirinha, terá apoio dos partidos antagônicos e do Republicanos, além do MDB, legenda a qual Dudu, vice da chapa, está vinculado.
Em Cantagalo, o caso já motivou reações do diretório municipal do PL, como antecipou o portal O Fator. O atual prefeito Roberto da Toca (PSD) registrou sua candidatura à reeleição com apoio do Avante, do MDB, do PL, do PRD e da federação PT/PCdoB/PV. No entanto, a costura caiu por terra após o diretório liberal do município desfazer o acordo. O vice dele, Werlen Medeiros de Carvalho, conhecido como Relinha, também é do PSD.
Na semana passada, o presidente da executiva nacional do PL, Valdemar Costa Neto, assinou uma resolução para proibir as alianças com as federações de esquerda. Além da federação PT/PCdoB/PV, ele citou a formada pelo Psol e pela Rede Sustentabilidade. “A Comissão Executiva Nacional do Partido Liberal poderá […] intervir e/ou promover a dissolução de Comissões Executivas Estaduais e Municipais, podendo ainda revogar a condução do processo eleitoral de 2024, que contrariem as diretrizes”, lê-se no documento.
Pelo lado do PT, a executiva nacional permitiu tais arranjos em votação interna realizada em 28 de agosto do ano passado. A resolução, que passou com 29 votos favoráveis e 27 contrários, não citava o PL, apenas tentava proibir os acordos com legendas identificadas com o bolsonarismo.
Ainda em Minas Gerais, duas chapas reúnem o PL e a federação esquerdista Psol/Rede, também vedada na resolução da legenda bolsonarista. Em São Gonçalo do Sapucaí, no Sul do estado, Eloi Radin (União) tentará voltar ao comando da cidade a partir da curiosa coligação, que ainda tem apoios do Novo, do PRD, do Podemos e do PSB, esse último vinculado à candidata a vice-prefeitura, Valéria Moreira. Radin governou o município entre 2017 e 2020, mas não concorreu à reeleição no pleito passado após o TSE considerar a chapa inapta. Ele respondia, na ocasião, por uma condenação de improbidade administrativa com suspensão de direitos políticos.
Em Rio Paranaíba, no Alto Paranaíba, PL e a federação Psol/Rede também estão juntos para tentar eleger Adriano, vinculado à legenda bolsonarista. Em sua primeira eleição, ele ainda conta com apoio do Republicanos, do Avante e da federação PSDB/Cidadania. O candidato a vice, Lucas Silva, também é do PL.
Até esta segunda-feira (5), partidos e federações podem realizar convenções para deliberar sobre coligações e escolher candidatas e candidatos aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador. Os registros das chapas acontecem até 15 de agosto junto à Justiça Eleitoral. A propaganda eleitoral tem início em 16 do mesmo mês. Portanto, novas alianças entre partidos antagônicos podem ser registradas no TRE até 15 de agosto. O contrário também pode acontecer, a partir da exclusão das citadas pela reportagem.