Segundo a Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro solicitou a Mauro Cid, ex-assistente de ordens, que falsificasse seus cartões de vacinação contra a COVID-19 e o de sua filha, Laura Bolsonaro. Na terça-feira (19), a PF indiciou Bolsonaro, Cid e mais 15 pessoas por crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos no Sistema Único de Saúde (SUS). Mauro Cid também foi acusado de uso indevido de documento falso.

Falsificação de cartões de vacinação

A PF declarou que “os elementos de prova coletados ao longo da presente investigação são convergentes em demonstrar que Jair Messias Bolsonaro agiu com consciência e vontade determinando que seu chefe da Ajudância de Ordens intermediasse a inserção dos dados falsos de vacinação contra a covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde em seu benefício e de sua filha”.

Em sua delação, Mauro Cid afirmou que a ordem para emitir os documentos falsos partiu do próprio Bolsonaro, embora, durante seu depoimento à PF, o ex-presidente negasse ter ordenado a inserção de dados falsos em seus cartões de vacinação. Bolsonaro também disse que só soube da alteração quando a imprensa começou a divulgar o assunto em fevereiro deste ano.

Documentos impressos no Palácio do Alvorada

De acordo com Mauro Cid, os documentos falsos foram impressos no Palácio do Alvorada, residência oficial do presidente, e entregues diretamente a Bolsonaro. Partes da delação de Cid, que ainda está sob sigilo, foram incluídas no relatório da PF que embasou o indiciamento.

Um trecho do depoimento de Cid diz: “QUE o presidente [Bolsonaro], após saber que o COLABORADOR [Mauro Cid] possuía os cartões de vacina para si e sua família, solicitou que o COLABORADOR fizesse para ele também; QUE o ex-presidente deu a ordem para fazer os cartões dele e da sua filha […]; QUE o COLABORADOR solicitou a AILTON que fizesse os cartões; QUE o COLABORADOR confirma que pediu os cartões do ex-presidente e sua filha […] sob determinação do ex-presidente JAIR BOLSONARO e que imprimiu os certificados; QUE solicitou a inserção de dados no sistema CONECTESUS de sua esposa, filhas, ex-presidente JAIR BOLSONARO e de sua filha, […]”.