Aumentando sua ofensiva, o governo está empenhado em nomear Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda de 2006 a 2014, como CEO da Vale. Sob a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, iniciou contatos diretos com grandes acionistas da mineradora, na tentativa de persuadi-los a apoiar a nomeação.

De acordo com informações fornecidas à CNN por fontes diretamente envolvidas, Lula deseja que Mantega tenha uma participação ativa no comando da empresa, e não apenas uma posição no conselho de administração. Como CEO, a remuneração de Mantega seria de cerca de R$ 60 milhões por ano.

A disputa pela cadeira do CEO

O atual CEO, Eduardo Bartolomeo, já expressou publicamente o desejo de permanecer no cargo. Mitsui, Bradespar, Previ (o fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil), Cosan e BlackRock são os principais acionistas da Vale no momento. A capacidade do governo de influenciar a liderança da Vale não é a mesma de antes, pois a empresa se tornou uma corporation, em que nenhum acionista pode exercer direitos de voto superiores a 10% de participação societária.

No entanto, o governo ainda possui meios para pressionar a Vale. Um deles é a renegociação da renovação de concessões de ferrovias, como a Estrada de Ferro Carajás (EFC), onde o Ministério dos Transportes busca cobrar uma fatura adicional de mais de R$ 20 bilhões em outorga, alegando um erro de metodologia da gestão anterior. A retomada de direitos minerários em jazidas sem atividades, através da Agência Nacional de Mineração (ANM), também pode ser uma forma de pressão do governo sobre a Vale.

Possível intervenção do Congresso

Fontes ligadas à liderança do Congresso Nacional informaram à CNN que, caso o governo insista na nomeação de Mantega para a liderança da Vale, a Câmara dos Deputados e o Senado podem intervir na sucessão para impedir a indicação do Palácio do Planalto. O Ministério de Minas e Energia, quando contatado, não fez comentários.