Lula e Macron discutem acordo entre Mercosul e União Europeia

O presidente francês expressa a resistência ao acordo atual, enquanto o líder brasileiro insiste na necessidade da parceria

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Os presidentes Emmanuel Macron, da França, e Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, têm uma reunião marcada para esta quinta-feira (28), em Brasília, focada principalmente nas discussões em torno do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. O presidente do Brasil é um forte defensor do acordo, enquanto o líder francês destaca-se como a principal voz de resistência.

Ontem, Macron reuniu-se com empresários e ministros brasileiros em São Paulo, onde reiterou sua oposição ao acordo atual. Segundo o presidente francês, o acordo, negociado há mais de 20 anos, está desatualizado e não aborda questões críticas como as mudanças climáticas. Para Macron, o texto do acordo precisa ser revisto desde o início.

“O Mercosul é um péssimo acordo como está sendo negociado agora. Esse acordo foi negociado há 20 anos. Eu não defendo esse acordo. Não é o que queremos”, afirmou. “Deixemos de lado um acordo de 20 anos atrás e construamos um novo acordo, mais responsável, prevendo questões como o clima e a reciprocidade”.

Resistência nacional ao acordo

Durante o mesmo evento em São Paulo, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, defendeu o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. “O Mercosul ampliou mais um país este ano, que é a Bolívia. Fizemos um acordo com Cingapura e houve conversas com a União Europeia. O presidente Lula sempre fala que tem que haver reciprocidade. É o ganha-ganha. Nós conquistamos mercado, nós abrimos o mercado”, disse Alckmin.

Em outro momento, Fernando Haddad, ministro da Fazenda, também expressou seu apoio ao acordo, dizendo que o presidente Lula “vai continuar insistindo nele”. Haddad chegou a comparar um possível acordo entre o Mercosul e a União Europeia à aprovação da reforma tributária no Brasil, que levou 40 anos para se concretizar e que pôs fim ao caos tributário. “Não devemos desistir desse acordo. Se foi possível aprovar a reforma tributária depois de 40 anos, por que não, depois de 20 (anos) aprovar um bom acordo União Europeia e o Mercosul”, argumentou Haddad.

Agenda extensa de Macron no Brasil

Nesta quinta-feira, Macron terá uma agenda lotada em Brasília. O líder francês desembarcou no Brasil na terça-feira (26) vindo da Guiana Francesa. Iniciando sua visita em Belém (PA), onde foi recebido por Lula e participou de um encontro com indígenas, Macron seguiu para o Rio de Janeiro e depois para São Paulo. A viagem culmina com a visita a Brasília, marcando a primeira visita bilateral de Macron a um país latino-americano.

Em Brasília, Macron será recebido com honras de chefe de Estado e terá uma reunião com Lula no Palácio do Planalto. O encontro focará em questões bilaterais e globais, bem como assuntos culturais, já que 2025 marca os 200 anos de relações diplomáticas entre os dois países. Temas como a reforma das instituições multilaterais, incluindo a posição do Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas, as guerras na Ucrânia e em Gaza, a situação política na Venezuela e a crise humanitária no Haiti estarão em discussão.

Espera-se que Lula e Macron assinem cerca de 30 atos durante a reunião. Posteriormente, os dois presidentes farão uma declaração à imprensa e participarão de um almoço no Itamaraty. Emmanuel Macron ainda deverá ser recebido no Congresso Nacional pelos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

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