A disputa entre o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, e o governador Romeu Zema, pode decidir o destino de R$ 165 bilhões
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A disputa entre o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, e o governador Romeu Zema, pode decidir o destino de R$ 165 bilhões
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A disputa entre o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD), e o governador Romeu Zema (Novo) sobre a renegociação da dívida de R$ 165 bilhões de Minas Gerais com a União está prestes a ser resolvida nesta terça-feira (26). Fernando Haddad, Ministro da Fazenda, apresentará uma proposta alternativa ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) para o refinanciamento da dívida dos estados com a União.
A proposta será apresentada aos governadores do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), incluindo Eduardo Leite (PSDB) do Rio Grande do Sul e Cláudio Castro (PL) do Rio de Janeiro, que já aderiram ao RRF. Os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos) de São Paulo, Renato Casagrande (PSB) do Espírito Santo, e Ratinho Júnior (PSD) do Paraná também estarão presentes, enquanto a vice-governadora Marilisa Boehm (PL) representará Santa Catarina.
A renegociação das dívidas dos estados com a União se tornou um campo de batalha para a sucessão ao governo de Minas em 2026 entre Zema e Pacheco. Pacheco já afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o quer como candidato. A disputa tomou um rumo político quando Pacheco apresentou uma alternativa ao RRF ao Ministério da Fazenda, que até então era defendida por Zema como única saída para a dívida.
Apesar do governo Zema ter aceitado a alternativa de Pacheco, o vice-governador Mateus Simões (Novo), provável candidato em 2026, questionou se a proposta do presidente do Congresso seria considerada pelo Ministério da Fazenda. “Parece que a reunião de terça é um anúncio político para todos os estados. Isso me faz pensar que não vamos ouvir uma resposta sobre a proposta do senador Rodrigo Pacheco, mas uma proposta sobre a dívida brasileira”, sugeriu.
A federalização de Cemig, Copasa e Codemig, também sugerida por Pacheco como uma opção para reduzir a dívida, permanece incerta. Especialistas acreditam que a transferência do controle das estatais para a União poderia demorar até dois anos devido à complexidade do processo, que exigiria diligências, precificações e a aprovação do Tribunal de Contas da União. Segundo o prazo estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Minas tem até 20 de abril para encontrar uma solução.
Na semana passada, Pacheco fez um acordo com Haddad para ser o autor do projeto de lei concebido pelo Ministério da Fazenda para criar um novo programa de refinanciamento. A autoria de Pacheco é uma mensagem para Zema, reiterando seu papel central nas discussões.
Por outro lado, a proposta do Cosud de adotar apenas uma taxa de juros nominal de 3% como indexador, sem o IPCA, deve ser descartada. Embora o Ministério da Fazenda reconheça a necessidade de alterar a fórmula de correção anual da dívida dos estados com a União, espera-se que o novo indexador mantenha o IPCA, mas reduza a taxa de juros adicional, que atualmente é de 4%. Em 2023, a fórmula levou a dívida a ser corrigida em 8,62%, aumentando-a em R$ 13 bilhões.
O Cosud espera que a proposta sugira uma correção retroativa da dívida dos estados até 2014, quando o IPCA mais 4% foi adotado. Eles acreditam que a adoção de uma nova fórmula de atualização não seria suficiente, já que só entraria em vigor a partir de 2024. Em outras palavras, a dívida dos estados permaneceria a mesma, que, no caso de Minas, por exemplo, é considerada impagável.