Por que Zema quer acabar com a Filarmônica?

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O nosso estado tem problemas graves de toda natureza. Ainda não temos esgoto e luz em todas as casas, por exemplo. A fome, o desemprego e a violência rondam os mineiros. Poucos têm direito à saúde digna e, rompidos quase um quarto do século XXI, a dengue tira o nosso sossego. Ela, por exemplo, levou embora um amigo de muitos belo-horizontinos, o executivo de banco Marcelo Bonfim, que fez carreira na Caixa e passou pela presidência do BDMG. Bonfim é do tempo em que gerente de banco resolvia problemas e não os criava.

E, é no meio deste namoro quase eterno com o terceiro mundo, conseguimos furar esta bolha e experimentar na nossa terra coisas extraordinárias. A Sala Minas Gerais é uma delas: casa da competente orquestra Filarmônica de Minas Gerais. É, realmente, de dar orgulho, que coisa espetacular! Todos puderam acompanhar o jogo de empurra que tomou os noticiários no começo desta semana. Nota de esclarecimento para cá, muita desinformação. Mas o fato é que o governo de Minas Gerais quer ficar livre dos custos envolvidos.

Dá vontade de dizer que Zema é inimigo da nossa cultura, mas vou colocar de uma forma mais justa: a cultura não é, nunca foi e jamais será um tema caro a Zema. Nunca se viu Zema em um espetáculo no Palácio das Artes. Chegou a prescindir do tradicional camarote do governador que, segundo ele, era exemplo de privilégio a ser combatido quando, na verdade, não teve a sensibilidade de entender que a presença do governador na casa é um importante instrumento para divulgar a sua agenda. Cortou da Cemig a capacidade de continuar sendo um importante fomentador da nossa cultura. Enfim, a cabeça de um liberal que não acha papel do estado fazer isto. Já disse antes, tem todo o direito de fazer, foi eleito para rezar nesta cartilha, só que eu não concordo.

Voltando a pergunta do título desta coluna: Por que Zema quer acabar com a Filarmônica de Minas Gerais? Mas por que agora esta ofensiva? De fato, o governador não se pronunciou sobre o assunto, mas eu tenho fortes indícios do que se trata. Nada me tira da cabeça de que já é um ensaio do governo mineiro para acomodar a volta do pagamento da dívida bilionária com a União, que vai impor ao governador medidas impopulares no corte de despesa. E, nada melhor começar cortando naquilo que não é prioridade para o governo.

Eu acho que esta minha teoria ganha força ao ficarmos sabendo que, no meio desta sexta-feira, o governo mineiro entrou com um pedido no Supremo para que ele conceda mais cento e oitenta dias de prazo. Ou seja, além de entender melhor a proposta que está sobre a mesa e de estudar o que mais pode ser pleiteado, certamente, um grupo de estudo precisa avançar nesta pauta que venho batendo sistematicamente, a de que não há espaço no orçamento para contemplar as novas parcelas do pagamento da dívida.

O brilhante maestro Fábio Mecheti se manifestou em palco dizendo que a sala nasceu para não ter a característica de multiúso e terminou a fala ressaltando que sede não se cede. Eu digo mais, ceder a este movimento de transferência da sala a outras entidades é um erro histórico. É o soar das trombetas anunciando o retrocesso. Ou o apocalipse.

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