Cinco anos após a tragédia de Brumadinho, manifestações pedem justiça

Atos em homenagem às vítimas do desastre ambiental de Brumadinho são organizados em vários municípios

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Em 25 de janeiro de 2019, a tragédia de Brumadinho, uma das piores catástrofes socioambientais do Brasil, começou com o colapso da Barragem I (B1) da Vale S.A. Esta tragédia abalou 26 municípios e resultou na morte de 272 pessoas, três das quais ainda não foram encontradas. Cinco anos após o desastre, familiares das vítimas e ativistas estão organizando manifestações para exigir justiça e manter viva a memória da tragédia que deixou um rastro de lama em Minas Gerais.

As homenagens em memória das vítimas do desastre que afetou cidades ao longo da Bacia do Rio Paraopeba, da Represa de Três Marias e das comunidades ao longo do Rio São Francisco, começarão às 9h de 25 de janeiro com uma Missa Eucarística presidida pelo Bispo Dom Francisco Cota. Esta missa é o ponto culminante da 5ª Romaria pela Ecologia Integral a Brumadinho, organizada pela Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário (Renser), e contará com a participação de familiares das vítimas, membros das comunidades afetadas, grupos pastorais e sociais e entidades da sociedade civil. A celebração será realizada no Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora do Rosário, em Brumadinho.

Posteriormente, haverá uma caminhada do santuário ao letreiro da cidade, onde a Associação dos Familiares das Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem em Brumadinho (Avabrum) organizará uma homenagem. Às 11h30, na Praça da Jóia, ao lado do letreiro, haverá uma apresentação musical com Rafael Librelon, seguida de um discurso da diretoria da Avabrum. Os nomes das 272 vítimas serão anunciados em homenagem a elas, e às 12h28, exatamente cinco anos após o rompimento da barragem, haverá um minuto de silêncio. Os bombeiros, que desempenharam um papel crucial no auxílio às vítimas do desastre, farão sua própria homenagem, seguida pelo lançamento de um balão para cada vítima.

Homenagens em Belo Horizonte e São Paulo

Em Belo Horizonte, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) homenageará as vítimas em um ato de hasteamento de bandeiras e depósito de uma coroa de flores no memorial em homenagem às vidas perdidas, instaurado no Espaço Democrático José Aparecido de Oliveira em janeiro de 2020. A cerimônia ocorrerá às 12h28 no Parlamento Mineiro, na região Centro-Sul de BH.

Em São Paulo, na Avenida Paulista, o Instituto Camila e Luiz Taliberti promoverá um ato-performance em homenagem às vítimas. “São cinco anos sem respostas e a certeza de que continuaremos lutando pela responsabilização dos envolvidos”, disse Helena Taliberti, presidente do Instituto e mãe de Camila e Luiz.

Ação contra a empresa alemã TÜV Süd

Neste mês, mais 300 vítimas se juntaram à ação contra a TÜV Süd, a empresa alemã que atestou a estabilidade da barragem da mina do Córrego do Feijão na época do rompimento. O processo busca uma indenização de cerca de R$3,2 bilhões (€ 600 milhões). Com essa nova atualização, a ação, que vem sendo movida no Tribunal Regional de Munique desde 2019, agora conta com 1.400 autores. “Estamos confiantes de que o especialista confirmará o que pleiteamos. Após o perito proferir sua decisão, o caminho para um julgamento sobre responsabilidade é claro. A TÜV SÜD não pode mais ficar impune pelos crimes cometidos”, comentou Tom Goodhead, CEO e sócio-fundador da firma de advocacia global Pogust Goodhead, que representa as vítimas.

A tragédia de Brumadinho

O rompimento da barragem de rejeitos da mina Córrego do Feijão, da Vale, que estava desativada, desencadeou o desastre. Logo após, as barragens IV e IV-A também romperam. No total, aproximadamente 12 milhões de metros cúbicos de resíduos foram liberados.

Até o momento, não houve julgamento ou punição dos responsáveis pelo rompimento da barragem. A Vale afirma estar comprometida com a reparação de Brumadinho e diz que sua prioridade é apoiar o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais nas buscas pelas três pessoas que ainda não foram encontradas.

Desde o ano do rompimento, a mineradora afirma ter fechado acordos de indenização com mais de 15,4 mil pessoas, incluindo as indenizações de Brumadinho, municípios da Bacia do Paraopeba e os territórios que foram evacuados preventivamente, totalizando R$ 3,5 bilhões em indenizações.

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