Zema sugere que servidores públicos insatisfeitos migrem para setor privado

Governador Romeu Zema enfrenta críticas após sugerir que insatisfeitos no setor público migrem para o privado, enquanto propõe reajuste salarial abaixo da inflação

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A relação já estremecida entre o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e os servidores públicos, especialmente os da segurança, intensificou-se após declarações polêmicas do governador. Nesta segunda-feira (6), em entrevista ao programa Direto ao Ponto da rádio Jovem Pan, Zema provocou controvérsia ao sugerir que aqueles descontentes com o setor público deveriam considerar o setor privado como alternativa. “O setor público existe para levar melhor serviço público para o cidadão e não ficar beneficiando uma casta de privilegiados. Se alguém acha que o setor público não paga tão bem, pode seguir carreira no setor privado”, declarou Zema.

A resposta não tardou. Representantes da Segurança Pública expressaram indignação com as palavras do governador, interpretadas como um desafio direto aos policiais. “Ele voltou a desafiar a polícia, falando que só ameaça, mas que não faz greve, que não para. É um tapa na cara de toda a tropa da segurança pública”, afirmou o deputado estadual Sargento Rodrigues (PL-MG), em vídeo divulgado nas redes sociais. Em tom de revolta, Rodrigues convocou os policiais a aderirem a uma paralisação. “Ou a gente para ou o governador vai continuar tripudiando em cima de todos nós”, reclamou o deputado.

Proposta de reajuste salarial

Em meio à crescente tensão, o governador Zema anunciou no último sábado um proposto reajuste salarial de 3,6% para os servidores do estado, uma medida que ficou aquém das expectativas, visto que está abaixo da inflação de 2023, medida em 4,6% pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Esta proposta foi recebida com desdém pelos sindicatos de policiais, que lamentam uma perda salarial acumulada de 41% ao longo dos últimos sete anos, devido à falta de correções baseadas na inflação.

Sargento Rodrigues destacou um aumento substancial no próprio salário de Zema. “Casta é quem recebeu 300% de reajuste. Recebeu 151% de aumento real”, criticou o parlamentar, referindo-se ao aumento salarial que o governador aplicou a si mesmo no ano passado, elevando seu salário para R$ 39.717, cerca de 28 salários-mínimos.

Para defender sua posição sobre o setor privado, Zema recorreu a exemplos pessoais. “Venho de uma família que sempre precisou trabalhar muito para se sustentar”, relembrou o governador, citando o legado de trabalho do seu bisavô, Domingos Zema, fundador do Grupo Zema.

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